07 March 2010

A verdade nunca é exacta, porque sempre a mascaramos com o nosso desejo.
Os homens não fazem a mínima ideia do que é o amor antes dos trinta anos. E depois, a maior parte das vezes, não sabem o que fazer com ele. O que é afinal o amor?
O amor é sobretudo hábito, escreveu Miguel de Unamuno. Quase concordo com ele, embora tenha uma visão mais real e completa do amor. Para mim o amor, enquanto entidade abstracta, não existe. Existem a atracção, a paixão, o desejo, o sonho, o encantamento, a tesão, a ilusão. O amor é ainda outra coisa, que está depois e acima de tudo isso, porque sem amor nada resiste ao tempo, ao desgaste, à rotina, ao peso surdo e devastador do dia-a-dia. Para mim o amor é construção e dedicação, e por isso não há amor, há provas de amor. Refiro-me ao amor verdadeiro e não aquele que alimenta os espíritos dos pintores, dos músicos e dos poetas. Um amor vivido todos os dias, que se vai construindo como uma casa: primeiro é preciso fazer boas fundações, depois decidir onde são as paredes mestras, escolher onde se vão abrir portas e rasgar janelas e depois, cimento, tijolo e muito paciência, porque tudo o que é sério e seguro demora muito tempo a criar e dá ainda mais trabalho a manter.

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