21 December 2010

Uma vez que este blog nunca foi partilhado com pessoas da minha família e o risco de que alguma delas tenha acesso a estes pensamentos é baixo vou libertar a minha alma numa explosão de lamechice:
em 27 anos de existência é o primeiro natal que vou passar com o meu tio. E não, não consigo pensar em prenda melhor! :)

28 November 2010

Ontem, durante umas horas, perdi-me entre álbuns de fotografias. Adoro fotografias antigas, mesmo quando são de pessoas que não conheço. Gosto principalmente de fotos a preto e branco ou as primeiras fotos a cores, com aquela tonalidade amarelada e exposição tão características. Gosto particularmente das fotos com paisagem urbana, onde se vêm ruas salpicadas de carros pequeninos e redondos. Ora verdes, ora bege.
Fiquei com a clara certeza que a vida era mais simples naqueles dias. A felicidade mais fácil. O materialismo que se instalou no nosso mundo matou-o. Já não sabemos ser felizes com pouco. Já não sabemos aproveitar as coisas simples da vida. Tudo é rápido e fugaz. Nesses tempos convivia-se. Foi nesses tempos que nascer o amor-e-uma-cabana. Amor esse que agora só se faz em T2 de luxo e jantares à luzes de velas com prendas pelo meio. Já não se cultivam relações. Cultiva-se materialismo e sexo. Muitas vezes em troca de algum tipo de materialismo.

Estava um dia lindo de quase-quase inverno. O sol aquecia corpos e almas a quem quisesse. E na esplanada dos cafés não pairava quase ninguém. As pessoas deixaram de saber conviver. De partilhar ideias e presenças físicas. Tornou-se tudo virtual. Cada um no cantinho do seu lar, onde as ideias dos outros só penetram se nos dermos ao trabalho que as ler. Tudo controlado. Quase esterilizado. As pessoas não se misturam, não se combinam. Nem nas amizades, nem nas relações.

Curiosamente, quando se preparava para passar todas estas ideias para o mundo virtual (com o devido toque de cinismo, claro, não estivesse eu também confortavelmente sentada no quentinho do meu lar) debatia-se na televisão o impacto desde estilo de vida na vida sexual e amorosa dos nossos dias. Ele que só vai para a cama às 3h da manhã porque fica a jogar PS3, ela que está demasiado preocupada com perder o emprego para sequer conceber a ideia de sexo. Passa o dia separados e adoravam chegar a casa e não estar lá ninguém para lhes dar cabo da cabeça. Entretêm-se constantemente com outras pessoas, que buscam apenas o sexo numa relação. Simplificam. Esterilizam. E eu, mais uma vez penso, não quero viver aqui.

Reflexos

Ontem revi-me. Pela primeira vez vi-me completamente reflectida noutra pessoa. Não o que sou, mas o que fui. E finalmente compreendi o que passaram aqueles que durante meses tiveram de me levar pela mão, numa luta constante e diária, para me tirar do chão em que teimei deitar-me.

Custa, dói, frustra, ver alguém preso debaixo de anos de memórias longínquas, incapaz de avançar, um pouquinho que seja, em direcção ao futuro que se presenteia diariamente à nossa frente, limpo, novo. Principalmente quando são pessoas que merecem esse futuro, pessoas boas e dignas, castigadas pelos erros da vida ou pela simples inocência das decisões.

Todos nós temos uma altura na vida em que caímos, sem rede, num abismo qualquer. E a primeira vez que o fazermos é aterrador. A queda é longa e a recuperação dura. Não sabemos como voltar a assentar os pés na terra, tentando perceber como foi que nos colocamos naquela posição. Ficamos amedrontados e receosos que o mesmo suceda vezes e vezes sem conta. Ficamos soterrados em memórias, fantasmas, receios. Paramos, simplesmente, de viver. Aterrador.

Eu arranjei maneira de sair daí, aos poucos. Apoiando-me num e noutro pilar. Disseram-me um dia, três Rita, mantêm na tua vida sempre três pilares, quando as ondas do mundo vierem, eles manter-te-ão de pé, sempre. E mantiveram.

Quando a coragem volta, tudo é mais fácil. Aprendemos a enfrentar o mundo de peito aberto, porque sabemos, lá no fundo, que já nada nos pode derrotar. Quando se cai a primeira vez acontece uma coisa muito boa e uma coisa muito má. Perdemos a nossa inocência e fé no mundo em prol da certeza que sempre, sempre, teremos em nós a força para voltar a tentar.

Não sei como te estender a mão. Não sou a pessoa certa para o fazer. Mas queria conseguir fazer-te perceber que estás a desperdiçar a tua felicidade nessa gruta onde te enfiaste. Queria explicar-te que cá fora o sol brilha, muitas vezes por entre nuvens. E que vale a pena. Vale sempre a pena.

Eu, mantenho em mim todos os sonhos do mundo. Devias fazer o mesmo.

25 November 2010

Amor em estado gasoso

Hoje acordei com uma epifania: o amor começa sempre em estado gasoso. É apenas uma ideia que nos invade, uma realização de que aquela pessoa afinal é anormal. É mais interessante ou mais bonita ou mais inteligente ou mais sensual ou mais cativante que as restantes pessoas que nos invadem o espaço. E ao inicio, não passa disso, de algo arbitrário e passageiro na nossa mente. Depois podemos começar a cismar nessa anormalidade dessa pessoa, juntado-lhe mais e mais características que nos interessam e nos fascinam e a bolha de gás que é o pensamento sobre esse dito ser, cresce e torna-se mais frequente e mais presente na nossa vida. Até ao dia em que simplesmente deixa de nos caber dentro da cabeça. A pressão aumenta, pressiona-nos, massa-nos a existência. E de repente, num dia, num instante, temos essa pessoa mesmo à nossa frente. Basta um só toque leve num ombro. BOOP, a bolha rebenta-se e aquele todo que é aquilo que imaginamos ao longo do tempo entra-se-nos pela alma num arrepio gélido, quase instantâneo. É o amor em estado líquido. Agora já não há nada a fazer, ele flui-nos nas feias, com o oxigénio ou o croissant da manhã. Existe dentro de nós, tão naturalmente como todo o resto no nosso ser. Respiramo-lo, sentimo-lo, vivemo-lo. Na esperança que um dia ele se torne em estado sólido. :)

17 November 2010

Adoro estar sozinha, mas principalmente, adoro acordar sozinha. Acordar devagarinho, abrir o sol e deixa-lo entrar, sem restrições, pelo cozinha e pela alma. Encher a casa com cheirinho a café e sentar-me lá fora a aquecer, como esses lagartos de sangue frio e, a pouco e pouco, voltar à vida.

13 November 2010

E agora que a greve terminou, partilho com vocês uma coisa que me assalta desde que acordei: amigos, dói-me o rabo!!!
E com este post se levantar a greve. Nunca fui muito activista no que diz respeito a politica. E tenho noção que o impacto da minha greve é nulo. Mas não acredito na paralisação de um país com as dificuldades com que está o nosso, principalmente porque a diminuição de produtividade que isso implica é produzida por pessoas que nem sabem ao certo porque é que estão de greve e fazem-no porque está de chuva e preferem ir para o café ou ver montras com as amigas, agarrando-se a uma justificativa socialmente aceite. Cada um faz aquilo que a sua consciência o permite. Eu privei-me dos meus desabafos em prol de... possivelmente nada. Foi o que a minha consciência pediu.

05 November 2010

03 November 2010

E assim termina a minha fase de exploração da década de 70. Até pode ter sido, em tempos, uma boa colheita. Aparentemente, nos tempos que hoje correm, já não têm fibra para os 80s. Pena.

27 October 2010

Mudança de ares

Hoje abriu-se a porta ao outono por aqui! Era tempo de mudança. Agarra-se o laranja das folhas e o vermelho do sol e mistura-se tudo numa nova força para encarar o mundo. Quente. E vivo.

23 October 2010

E se eu começasse a escrever um livro? Daqui a uns anos estava rica!

Colocou a chave na porta e inspirou fundo durante 3 segundos enquanto pensava na calma que queria encontrar por trás daquela porta. O dia tinha-a derrotado e precisava de alguma paz e tranquilidade. Assim que abriu a porta o gato cumprimentou-a com a meiguice que só um gato sabe, fugindo-lhe por entre as pernas para o corredor, para explorar aquele pequeno mundo que era a entrada e o elevador. Já nem se dá ao trabalho de o chamar, é um gato, voltará quando precisar de alguma coisa. Vai à cozinha pousar o saco do pão e por o leite a aquecer antes de pousar a carteira. O mundo lá fora tinha-a fragilizado e precisar de uma grande caneca de leite com chocolate para a aconchegar. Aquece sempre o leite mais tempo nestes dias, para o sentir cair no estômago como uma paixão assolapada. Só então entra no quarto. Pousa a carteira e todos os restantes apetrechos que juntou nas restantes horas. Olha para as botas novas, ainda na caixa, ao canto. Tem de arranjar uma ocasião para as usar. Retorna à cozinha. Apetece-lhe encher-se de pão com manteiga, matar a gula, mas rende-se ao fiambre. Vingar-se-à no chocolate que atira às colheradas para dentro do leite. Resiste, à força, a enfiar uma colher daquele pó directamente na boca, como fazia quando era pequenina. Lembra-se como às vezes, engasgado-se, lhe saía pelo nariz numa sensação horrível e cómica. O gato voltou e mia, desolado, por causa do cheiro a fiambre que paira no ar. Quem o ouvisse diria que não como à dias, coitado do bicho. Enquanto abre o pão pergunta-se se o telemóvel terá tocado. Se alguém lhe terá mandado um email. Anda demasiado vidrada em tecnologias e redes sociais. Parece que é o único contracto amigável que consegue manter com o mundo. É o mais fácil também. Basta contar umas piadas e fazer uns quantos comentários despropositados. Mais tarde volta para ver se houve reacções.
Entra no quarto com a caneca e o prato na mão. A cama ainda está por fazer, é sempre assim quando está sozinha e não espera companhia. Nunca percebeu o propósito de tal coisa. Liga a televisão e pousa o prato sobre o teclado do computador portátil, ainda ligado a tirar da net os últimos episódios de um conjunto de séries que acompanha semanalmente. O gato já se atirou para cima da cama a espera ansiosamente a oportunidade de se fazer ao fiambre.
-Ladrão. Vais lá para fora que a dona quer comer sossegadinha, tá bem?
Fala com ele enquanto o pega ao colo, como se ele percebesse alguma coisa do que ela diz. Ele encosta o focinho à sua bochecha e ronrona de mimo. Ela não deixa conquistar e fecha-o do outro lado da porta, onde começa a protestar em miados agudos e persistentes.
Na televisão dá mais uma série repetida. Nem se dá ao trabalho de mudar. Só quer um bocadinho de companhia para o lanche. O som da televisão ao fundo bloqueia o inicio dos sentimentos de solidão. O lanche é acompanhado pela actualização das redes sociais, email, meteorologia e afins. Pensa no que vai fazer para o jantar. Não tem fome portanto não faz sentido pensar nisso agora. Logo se verá.
Volta à cozinha para arrumar a loiça e trazer o gato para a sua beira. Ele ainda reclama atenção e fa-lo até ser pegado ao colo. Atirou mais um biblot ao chão durante a sua ausência. Um calhau trazido pelo pai numa viagem de negócios sabe-se lá onde. No chão ficou uma marca de dor no soalho de madeira. A parede também levou por tabela e tem uma marca na tinta. Nem se dá ao trabalho de reagir, pega apenas na pedra e coloca-a de novo na beira da janela.
Está a precisar de um banho. O frio que se faz sentir lá fora não foi suficiente para evitar uma mancha de suor na pequena corrida que fez antes de voltar para casa. Mas a preguiça instalou-se quer deitar-se na cama um bocadinho antes de passar aos rituais de higiene.
Há meses que não desliga o cérebro. Sente-se perdida na sua própria vida. Perdeu-lhe as rédeas. Multiplicam-se as vezes que se deixa estar a vegetar na cama, à espera que algo de novo e entusiasmante lhe surja na vida. Cansou-se da luta e do pensamento positivo. É algo que vem e vai na sua vida. Sente-se instável e inconstante. Foi assim a sua vida toda. Mas ultimamente anda pior. Enervada. Impaciente.Olha para o telemóvel, imóvel e quieto na beira da mesa. Tem de ligar o despertador. Tem de dormir cedo. A vida presenteou-a com este emprego que de quando a quando a tira da cama às 2h30 da manhã. Logo hoje, que queria sair. Sair com as botas novas e uma saia bem curta. Sabe-se lá se não era hoje que se ia cruzar com alguém interessante. Com algo fresco e entusiasmante. Lá no fundo sabe, se não tivesse de acordar cedo estaria agora a multiplicar-se em desculpas para não ir a lado nenhum. É sempre assim. Anda imóvel e inerte perante a vida. Deixa-se ficar, ao sabor da corrente. Falta-lhe a força e determinação para remar de encontra àquilo que quer. Remar para algo novo, diferente. Melhor ou pior. Senta-se energicamente na cama como a força de quem vai mudar o mundo, sabe que tem de agarrar a vida pelos cornos e tomar-lhe a rédea. Depois enterra-se mais fundo na almofada e deixa-se ficar.

09 October 2010

Caiu-me a ficha

Tornei-me uma pessoa banal e desinteressante. Não reconheço a pessoa que sou ou as coisas que digo. As barbaridades saem-me pela boca fora, incontroladas e sem nexo. Sinto-me um desenho animado. Fora de controlo.

Houve um dia em que eu soube o que era. Houve uma altura em que eu soube que era uma boa pessoa. Incomum. Original. Dedicada. Divertida. Espirituosa. Meiga. Gentil. Não reconheço a pessoa que me olha ao espelho. Não lhe reconheço o medo e o rancor nos gestos e nas palavras. Tornei-me rígida. Intolerável. Seca. Tão ávida de algo novo e interessante que não o reconheceria se estivesse mesmo à minha frente. Estou fechada para o mundo. Não o aceito e não o tolero. Tornei-me azeda. Como um copo de leite abandonado durante dias e dias ao sol. Abandonaste-me. E eu abandonei o que fui. Para me tornar em algo que não gosto e não quero ser. Mas ainda faltam as forças. Os dias pesam e prolongam-se na ausência de mim e de nós. Permanece apenas a vontade de me enrolar numa bolinha e me deixar ficar sobre a cama.

Maybe tomorrow I'll buy the ticket. Maybe.

06 October 2010

Encho a minha vida com pedaços de nada. Preencho o vazio que me criaste com névoas de desejo e atenção. Não consigo encontrar em mim algo que me preencha. Nunca soube ser uma ilha.

20 September 2010

Às vezes, é no meio de uma bebedeira, durante um jogo de computador, que provo a mim mesma que não sou apenas mais um no meio de uma multidão de gente. "TUUUUUU, TU PODES TUUUUUUUUDOOOOOOO!"

12 September 2010

Marés

Talvez tenha sido só o choque inicial. Ou talvez seja as férias a ajudar. Hoje sinto que não te sofro. Sinto a vida fluir tranquilamente sem sentimentos arrebatadores de saudade ou de raiva. Acho que são as férias a ajudar.
Hoje apercebi-me, não soubeste tanto do que se passava comigo. Fora dos - ultimamente raros - dias que estávamos juntos, sinto que andei a viver uma vida paralela. Com outros planos, outras preocupações, outras paixões. Apercebo-me do quanto não estive apaixonada por ti, em tempos. Deixei outra pessoa entrar por mim a dentro como um atropelamento. Rápido, violento e com mazelas. E tu nunca deste por nada. Convenci-me que não. Que tu eras uma excelente pessoa e um dia darias um excelente marido. Um excelente pai. E que fazia sentido lutar por aquilo que tínhamos, deixar-me de criancices e de paixões assolapadas.Não abdiquei daquilo que tínhamos por ninguém. Era contigo que tinha decido ficar.
Hoje já nem sei se me arrependo. Essa paixão permanecerá para sempre comigo, acho. Já a tenho à muito tempo. Uns dias pesa mais do que outros. É algo que me reconforta. Mesmo nos dias que tenho a plena consciência que estas paixão só duram no mundo dos sonhos e que no mundo real se desfaria em milissegundos.
Hoje estou em modo maré. Deixo as pessoas fluir na minha vida, ora para dentro, ora para fora. Entram em saem-me do espírito como garrafas vazias presas na rebentação. Num segundo deixo-as entrar. Sonho-lhes o cheiro da pele, o sabor das palavras, a doçura do sexo. De seguida ouço o ranger da porta na sua saída. Uma e outra. A primeira que volta, uma terceira que aparece. É o mundo todo num dia, por mim a dentro. Apaixono-me a cada batida do coração. Num olhar, num toque, num mimo, numa palavras escrita perdida. Num desejo ou num sonho. Tudo é pretexto. Sinto-me leve. Sinto-me solta. Sinto o mundo aberto de par em par. Acho que são as férias a ajudar.

10 September 2010

Aniversários

Neste dia 10 vejo-me obrigada a citar o mestre: desejo-te tudo aquilo que sabes que mereces.

06 September 2010

O tempo está finalmente como eu. Triste mas quente, das batalhas travadas recentemente. Quente da dor que me pesa e me mói. Sei que eventualmente há-de cair a noite sobre mim e arrefecer, esfriar, esquecer toda a dor que me causaste. A desilusão e amargura darão lugar a um novo dia, quem sabe, sem chuva. Ainda falta a parte pior, aqueles dias em que esqueço tudo o que de mau havia entre nós e me recordo apenas das coisas boas.
Gostava de ter tido a tua capacidade de nós esquecer. Esquecer promessas, esquecer momentos, esquecer sorrisos e silêncios. E simplesmente partir para outra, folha em branco, um mundo de oportunidades por descobrir. Pergunto-me, vezes e vezes ao longo do dia se as falhas dela te lembrarão de mim. Das coisas que eu tinha de bom. Temo ser recordada apenas quando ela se ajoelhar as teus pés e te voltar aquela dificuldade, aquela repugna, aquele desespero que em tempos sentias. Não sei se serei recordada por mais do que isso.
Resta-me voltar ao que era antes de ti. Resta-me aprender com os erros que cometi. Resta-me evoluir. Ou encabrecer. Ficar egoísta e estúpida. Obcecar com sexo e coisas fúteis. E esperar que alguém, um dia, me veja de novo para além da merda que sou.

04 September 2010

Coisas que se não se deviam dizer sobre ex namorados

À uns meses deixei de ouvir uma série de musicas que foste tu que me mostraste. Estava convencida que elas não fazia sentido sem a tua presença na minha vida. Hoje percebi que não é bem assim. Numa tentativa de perceber se valia a pena ou não manter os cds que me ofereceste levei-os para o frozen e aumentei o volume. Afinal não era uma questão de não fazerem sentido sem ti, era só falta de um bom sistema de som, que antigamente eras só tu que tinhas.
É assustador quando um gajo acorda de manhã e se apercebe que passou a noite toda a comer um holandês que fazia parte da nossa turma da faculdade em 2001. E que foi bom.

22 August 2010

Acho que foi numa quarta-feira. As lágrimas fugiam-me silenciosamente pela cara. Acho que era apenas o meu lado esquerdo que chorava descontrolado enquanto o meu lado direito, mais calmo e racional, tentava mostrar ao mundo que a tua existência não me afecta. Esse mentiroso.
Foi desde esse dia que não parei de chorar. Não sei se da expectativa ou da desilusão que virá a seguir. Talvez seja apenas uma infecção. Tendo em conta que já passaram 3 dias acho melhor marcar uma consulta para um oftalmologista. Só para ele me dizer se é algo no olho ou se realmente é apenas a tua falta.

10 August 2010

Your word go through my mind like blades through my soul. Over and over again.
"acho que no fundo o amavas e só querias que ele abdicasse um bocadinho de algumas coisas por ti..." And God, did I ask for too much?

I should have died a year ago. How many times can one take such pain?

07 August 2010

Foi com delicadeza e doçura que lhe pousou a mão sobre o ombro preparando-se para a despedida. É um gesto que sempre lhe custou um pouco. Nunca sabem se se voltarão a ver. À medida que se inclinou sobre ele para os dois habituais beijos fugidios sentiu-se assaltada de novo pela uma vontade de lhe segredar baixinho ao ouvido... fode-me.

22 July 2010

O acordar tornou-se mais rápido nos últimos tempos. É sempre assim quando a vida se torna confusa. Sente o corpo pesado e a mente parece que trabalha a noite toda. Nunca sabe se há-de acordar feliz ou miserável. São os únicos sentimentos que conhece. Não que importe muito o sentimento com o qual acorda, sabe que não vai durar.
Quando acorda bem faz-se forte. Encara a vida de cabeça erguida. Consegue ver no espelho algo de que gosta. Consegue encontrar na alma alguém de quem se orgulha. Encara a vida como uma evolução constante. Cuida-se.
Quando acorda mal acorda derrotada. Volta ao que era por ser mais fácil. Evita o espelho e vai à varanda acender um cigarro. Ontem tinha deixado de fumar. Ontem tinha deixado o álcool e o sexo. Hoje até a simples fricção da camisa no peito a incomoda. Vai passar mais um dia à procura de algo ou alguém que a satisfaça. Vai olhar para cada pessoa, cada colega com quem se cruzar, analisando-lhe os potenciais e deixando-se levar por fantasias. Cansou-se da meiguice dos homens. Procura algo rápido e brusco. Arrebatador e agressivo como a dor que lhe acerta cada vez que um deles lhe esfaqueia a alma. No final do dia, naquela cama enorme e vazia, sabe que o prazer chegará pela forma das mesmas mãos que ultimamente lhe percorrem o corpo numa redescoberta constante de cada ponto – as suas.

28 June 2010

In love again: jantes de liga leve, tecto de abrir panorâmico, vidros traseiros escurecidos, volante e caixa de velocidades em pele, auto-rádio com leitor de mp3 e bluetooth. Branco Divino. Acho que nescemos um para o outro. Ficamos juntos?

25 June 2010

Há dores fáceis de chorar. Dores fáceis de compreender. Dores fáceis de entender. Quando algo que se conhece morre é fácil partilha-lo. E ao partilha-lo é mais fácil supera-lo. Liberta-lo.
Quando um mundo só nosso morre essa partilha com o exterior parece de alguma forma impossível. Sentimos necessidade de chora-lo como sempre o vivemos, sozinhos. O simples facto de partilhar o seu fim implicaria ter de explicar o seu inicio, o seu caminho, a sua essência. E há coisas que não se explicam, porque não seriam compreendidas.
Ninguém estava lá em todos os momentos que rimos juntos, ninguém estava lá em todos os momentos que choramos juntos, ninguém estava lá em todos os momentos em que lutamos para que o sentimento que nos une chegasse. Ninguém estava lá na noite de 8 de Dezembro. Ninguém nos viu crescer nem evoluir. Ninguém nos conhece, ninguém nos sabe. E hoje, mais ninguém nos chora.

23 June 2010

Zero

Tenho tudo o zero. O cérebro, o espírito. Não sei existir. E não sei qual é o passo seguinte.

09 June 2010

Porque há coisas que não se dizem no Facebook

(ATENÇÃO - este é um daqueles posts que quando chegar ao fim pode desejar não o ter lido)

Uma pessoa tem de por a mão na consciência e pensar no que anda a fazer da vida quando, numa dessas semanas difíceis, se dá conta da dificuldade (e da dor) resultante da simples colocação de um tampão. À que tomar medidas.

03 June 2010

Desabafos

Que me perdoem, mas eu sou mesmo assim, quando alguma coisa me anda a chatear eu tenho mesmo necessidade de deita-la cá para fora, de que forma for, senão vou andar meses a pensar nisso. Deixa-la escrita é sempre uma boa forma.

À coisa de 5 anos eu abri mão de um grande amigo. A nossa relação tinha chegado ao fim e por respeito àquela que era agora uma das pessoas mais importantes na vida dele deixamos cair por terra aquilo que tínhamos. Quando uma relação acaba as coisas são complicadas de manter, seja a que nível for, mas mais cedo ou mais tarde é natural que se volte a encontrar naquela pessoa o amigo e companheiro que se teve durante anos. Principalmente quando são coisas que duraram algum tempo.
Eu conheço bem as inseguranças de uma relação, principalmente de uma relação nova e fresca e por respeito a isso aceitei os termos e condições. Hoje apercebo-me que o problema não era eu ser ex-namorada dele. O grande problema era eu ser muito melhor pessoa do que tu. Não há muitas coisas na vida que me deixem realmente fodida. Mas ver pessoas a virar as costas a gente decente em momentos difíceis, fode-me. E o que me fode mais é que eu não tive a oportunidade de estar presente nesse momento por tua causa, minha cabra. E tu, que tiveste esse privilégio, tiveste a distinta lata de lhe virar as costas.

Tenho dito.

28 May 2010

Há uma coisa sobre a qual me ando a debruçar já à alguns dias: este estranho hábito que temos de desejar parabéns às pessoas.
Começa com os aniversários. "Mais um anito, parabéns!" Esperem lá. Parabéns porquê? Que mensagem é que estamos a tentar passar aqui? Parabéns, conseguiste sobreviver mais um ano? À não sei quantos anos atrás foste concebido com sucesso? Não faz sentido. Pelo menos antes dos 40 não faz sentido. A partir dessa idade ainda concordo com isso! Há mérito em sobreviver! Há mérito em manter a tensão arterial e o colesterol baixo. Agora antes dos 40 uma pessoa só tem de se lembrar de se alimentar. Há mérito nisso? Não.
No que diz respeito a aniversários nas relações, aí sim, já há mérito. Aniversário de namoro, de casados, aniversários mesmo de amizades. Há mérito! Parabéns pela tua paciência! Conseguiste manter essa pessoa na tua vida. Dá trabalho! Merece celebração. Parabéns pah!

11 May 2010

Devo 284€ ao estado por ter ganho 400€ a aturar putos que me dizem que não sabem o que é a camada de ozono porque não há disso em Portugal. Então tá bem.

Acho que vou mandar uma carta ao Sócrates "vê lá se ligas, é falta de educação não ligar depois de foder uma gaja!"

23 April 2010

Amor em tempos de guerra

Vamos deixar passar o tempo por nós. Ganhar certezas. Ou serão antes expectativas?
Faz aquilo que sentes, vive com impulso. Mas sufoca-o, só um bocadinho. Antes aprende-me. Deseja-me. Lê-me. Vive-me. Vive-me até perder o encanto. Vive-me até cansar. Aí, se a vontade em ti for forte, espera. Espera por um dia mau. Espera por um dia triste. Por um dia difícil.
Decide então se mesmo assim te fascino. Decide se mesmo assim gostas. Se mesmo assim queres. Se ainda desejas. Então, se sim, pede-me. Se sim, cuida-me.

22 April 2010

I have music in my life

As pessoas que me conhecem um bocadinho sabem, a musica para mim é uma forma de viver. Preciso de musica para fazer quase tudo na vida e dependo dela para superar muita coisa.
É uma forma de expressão deliciosa e subtil. Tem a capacidade de nos alterar o humor e de nos dar a sensação de não estarmos sozinhos naquilo que sentimos. Seja pela melodia ou pela letra, gosto quando uma musica mexe comigo e tenho a minha vida coberta de uma banda sonora muito própria.
Cada paixão na minha vida tem uma musica. Cada pessoa. Cada momento. Cada lágrima. Sou transportada com facilidade para outro mundo com os primeiros acordes de uma guitarra ou de um piano.
Mas apercebi-me hoje que tenho musicas para as quais ainda não arranjei momentos. São musicas que me levam para alturas da minha vida em que achava que nada do que vivia era digno de memoria, então adiava as recordações. São musicas que me enchem de vazio. De apatia. Entristece-me ter momentos assim na vida, em que fica tudo em suspendo de um momento melhor que seja digno de memória. Mas a verdade é que parece que cada momento digno de memória acaba. E com o fim de coisas boas fica sempre um bocadinho de mágoa. Queria memórias daquelas que duram para sempre. Com musicas que, cada vez que tocam, sorriem para mim.

21 April 2010

Psicologia gratuita, já!

A nossa cabeça é um bocadinho como a nossa casa. Alguns gostam de a ter arrumada, alguns são obrigados a te-la arrumada e outros, como eu, simplesmente não querem saber! O que acontece a essas pessoas é que com o passar do tempo a situação toma proporções dramáticas e atinge-se um estado em que simplesmente não é possível viver naquela cabeça! Chega-se a uma altura em que já não se encontra nada! O que penso? O que quero? O que tenho? Para onde vou? Desespera-se.
Quando chegamos a uma casa em que se desespera a resolução é simples, arruma-se. Quando se chega a uma cabeça em que se desespera, infelizmente, a solução é a mesma, arruma-se. Mas arrumar a casa é fácil, conseguimos fale-lo facilmente sozinhos. Se não for o caso, é simples na mesma, chamamos uma dessas empresas de limpeza e pagamos a alguém para chegarmos a casa e termos tudo, finalmente, organizado. No caso da nossa cabeça é mais complicado. Se não estiver muito desarrumada a gente atina e arruma e a coisa vai. Quando não conseguimos faze-lo sozinho, só temos duas hipóteses: pagar a alguém para ajudar ou optar pela versão mais em conta, arranjar alguém que nos ajude mas que não seja do ramo. Os nossos amigos, que facilmente nos ajudam a arrumar a casa ou a cabeça, a maioria das vezes dão o seu melhor. Infelizmente, também a maioria das vezes não estamos dispostos a chama-los quando sabemos que aquilo que lá vai dentro é demasiado vergonhoso para sair para publico. Eles são nossos amigos, sim, mas como é que vai ficar a nossa imagem quando eles encontrarem o bife que está no frigorífico à 3 meses? Acabamos por desistir da ideia e aguentar a desarrumação.
O problema é que quando se tem uma cabeça desarrumada à meses, anos, começa a ser um caso de saude pública. O nosso cerebro atinge um estado em que simplesmente não funciona. É como tentar trabalhar com o windows 7 num PC com 500Mb de RAM (pah, não, nem sei se instala! preciosista!), as operações tornam-se lentas, não se consegue fazer nada em tempo útil e na grande maioria das vezes o sistema crasha. Por isso digo-vos, psicologia gratuita, já! Pelo bem da nossa sanidade mental!

18 April 2010

A nossa mente

A mente é aquilo que mais de poderoso possuímos desde o principio da nossa vida. Com ela, apenas com ela, somos capazes de tudo aquilo a que nos propomos ao longo da nossa vida. Só ela e a sua força nos permite ir em frente e transformar em vitórias todos os desafios da nossa vida. E a sua forma de funcionar é fascinante. Altera-se, molda-se, cria-se todo um mundo que na realidade não existe e é apenas uma interpretação nossa daquilo que queremos e não queremos ver daquilo que realmente nos rodeia.
Uma das coisas fascinantes da nossa mente é a sua capacidade de sonhar. Sonha acordado, criar desejos, criar metas. E durante a noite, transforma todas essas coisas e tantas outras mais, numa realidade que se vive tão intensamente como se se tivesse acordado. Mais uma característica fascinante da nossa mente, emocionalmente, ela não consegue distinguir a realidade vivida da realidade sonhada. É por isso que quando sonhamos com os nossos maiores medos acordamos cansados, tristes, derrotados.
Hoje sonhei com uma vida que não tenho. Hoje sonhei com aquilo que procuro para mim nesta fase da minha vida. Hoje sonhei com tantos desejos bons. Aquela sensação tão real. Aquela sensação de estar onde devia. Aquela sensação de ter, finalmente, chegado a casa. Hoje não consigo aceitar que acordei. Pela primeira vez na minha vida, acordar, doeu...

16 April 2010

Pierre Woodman és o meu heroi!

Private Castings 51 - Yasmine Fitzgerald - e mais não digo!

14 April 2010

Era uma vez...

Havia um filme que costumava dar muitas vezes quando eu era miúda que continha uma cena que eu achava curiosa e sobre a qual me cheguei a debruçar várias vezes. A protagonista, uma rapariga nos seus 35 anos, solteira, encontra um diário que tinha escrito quando era ainda menina onde descrevia aquele que se seria um dia, esperava ela, o seu marido ou o chamado homem-da-minha-vida. Se a memoria não me falha (afinal de contas só vi o filme 3 ou 4 vezes) ela descrevia algumas das características que ele teria, que eram sem duvida coisas banais mas peculiares - tinha um olho de cada cor, sabia fazer panquecas nas mais variadas formas e sabia montar um cavalo de costas. Penso que incluía também um pormenor sobre algo que ele deveria trazer ao pescoço, mas já não me lembro ao certo.
Lembro de ver aquilo na altura e tentar fazer o mesmo para o meu homem-da-minha-vida. Mas achava aquilo tudo ridículo, não conseguia perceber como é que este ou aquele pormenor, definido conscientemente por mim poderia ajudar a encontrar o tal homem. Mas a coisa curiosa é que ao fim de tantos anos de existência ou, melhor dizendo, de consciência desse universo que é a procura do amor e do homem-da-nossa-vida eu acabei por me aperceber que há, de facto, intrinsecamente no meu ser, não mais de uma mão de características que quando encontro numa pessoa fazem o meu mundo girar um bocadinho mais devagar. Não é uma questão explicável, pelo que deve ser uma questão hormonal qualquer ou uma pequena falha no meu cérebro mas a verdade é que existe. Não posso dizer que se crie qualquer tipo de atracção ou enamoro quando isso acontece, é como que um pequeno fascínio que me cria um nózinho no estômago... e depois passa e vai.
No meu diário poderia então eu ter escrito, no topo dos meus 10 ou 12 anos:

o homem-da-minha-vida será um homem discreto e despreocupado. A sua maior prioridade será a família de 3 filhos que quer ter, embora só o admita à mãe dos seus filhos. Vai gostar de trazer paz à casa com o som baixo de uma guitarra pela noite. Escreverá com a mão esquerda.

31 March 2010

Serralves, os trabalhadores ilegais e a falta de integridade

Eu compreendo bem o espírito de entreajuda, compreensão e apoio que se gera entrem amigos ou mesmo conhecidos face a uma situação que se considera de injustiça. Se calhar este meu pequeno desabafo surge exactamente desse mesmo sentimento.

Serralves anda na boca do mundo (e para quem não está a par deixo aqui este link). E eu, como ex funcionaria e vívida seguidora da noticia em questão sinto que devo, posso e quero opinar.
O cenário é até muito simples. Desde sempre - antes, durante e depois de eu lá trabalhar - a fundação de Serralves tinha uma forma muito simples de operar no que dizia respeito aos seus trabalhadores, contratava-os ilegalmente a recibos verdes. Sendo trabalhadores com horários fixos e com postos de trabalho fixos e afins e afins, tinha mais é de ter um contracto - mesmo que este fosse apenas a part-time - e acabou. Acho que neste ponto ninguém discorda. Mas os contractos implicam custos, segurança social, seguros, subsídios de férias e de natal e isso é chato. Mesmo quando se é subsidiado pelo estado.

Num acesso de... profissionalismo, medo ou responsabilidade social, a fundação de Serralves pôs a mão na consciência - ou alguém pôs por ela - e decidiram que era tempo de legalizar as pessoas. E aqui eu digo, antes tarde que nunca.
Após tomarem esse decisão, tomaram outra igualmente importante, a de não ficar com a responsabilidade das pessoas que iriam desempenhar esse emprego mas sim, delegar uma empresa que o fizesse por eles. Para evitar passar a responsabilidade para alguém que não conhecia o trabalho acharam interessante colocar esse desafio às pessoas que estavam presentemente a fazer essa função, dando-lhe a oportunidade de criar uma empresa ao mesmo tempo que criavam condições de trabalho legais para si e para os colegas que com eles partilhavam funções.

E agora vem a parte em que o pessoal entra em discórdia: se viessem ter comigo - na altura em que eu era funcionaria ilegal da fundação - e me dissessem que um dos meus colegas com mais anos de casa ia criar uma empresa para me legalizar e me dessem um contracto em que eu de facto ia ganhar menos ao fim do mês mas ia ter as minhas folgas, o meu subsidio de almoço, a minha hora de almoço (que era coisa que também não existia!), que se me caísse a merda da pá em cima que me pagavam despesas médicas e indemnizações, eu acho que não vinham para os jornais dizer que tinha sido "intimada a criar uma empresa senão vinha para o olho da rua" (como o bloco de esquerda tão fervorosamente defende na sua carta aberta à fundação).

A questão é, o país está a passar uma fase de merda, arranjar emprego é o que é, vocês andavam com uma mama do caralho a ganhar 4 € à hora (sim, já ninguém paga a ninguém 4€ à hora para vender bilhetes a meninos! Não é Senhor Belmiro?) e agora não querem passar a legais porque os encargos que isso tem para a entidade empregadora faz com que o vosso salário baixe... quê, 10%? Buhu!

Gente, acordem para a vida!Para começar o erro foi vosso em aceitar trabalhar ilegalmente a recibos verdes (sim, eu também me meti nessa). Depois, eu conheço o contracto, não é minimamente abusador ou precário (e eu sei porque ando no mercado da procura do trabalho e eu já aqui falei de propostas que tive, essas sim, abusadoras). E vamos ser honestos, se calhava de algum de vocês levar com um serviço de chá do Siza Vieira em cima e ficar com a cara toda desfigurada neste momento estavam nos jornais a dizer que eram trabalhadores ilegais, que não tinham seguro e que eram uns coitadinhos e deviam eram legalizar o pessoal e fazer contractos!

Vamos ser adultos e olhar para isto como pessoas civilizadas e integras! "Ah, porque a recibos verdes estava ilegal mas fazia mais dinheiro". Oh amigo, se não te faz confusão ser ilegal só para ganhar mais dinheiro tenho duas opções para ti: droga e prostituição.

30 March 2010

Este homem de vez em quando diz umas coisas acertadas. Alias, à sua maneira, ele diz muita coisa acertada.

29 March 2010

Olha para o que eu digo, mas só para o que eu digo, tá?

Não posso dizer que me tenha apanhado despercebida a conversa que tive com uma das responsáveis do ATL quando esta me apanhou sozinha da ultima vez que lá estive. Queria, delicadamente, chamar-me a atenção sobre a minha forma de lidar com os alunos. "Que não era própria. Que devia manter uma distância maior." Disse-lhe que não, que não compreendia muito bem o que ela me estava a dizer, que a minha forma de estar era diferente e que esperava que ninguém tirasse más interpretações da minha proximidade com os miúdos.
A espectacularidade desta conversa não passa minimamente por aí - quem me conhece bem estará neste momento a pensar "só a Rita pah!". A espectacularidade passa por este pequeno pormenor: enquanto me chamava à atenção sobre a minha falta de profissionalismo a dita senhora aproveitava para enviar mais uma prendinha no farmville, plantar mais um carreirinho de feijões e alimentar as galinhas do joão paulo.

E naquele tempo todo só me passava pela cabeça a vontade que eu tinha de ter os cojones no sitio e dizer àquela senhora e à sua sócia também, aquilo que eu acho do profissionalismo delas e da excelente imagem que isso passa aos miúdos.

27 March 2010

Grant me the serenity to accept the things I cannot change; courage to change the things I can; and wisdom to know the difference.

24 March 2010

A professora depravada e o aluno de 15 anos

Ora bem, eu nunca gostei muito de opinar sobre assuntos dos quais não tenho conhecimento de causa, muito por causa da famosa máxima pimenta no cu dos outros é refresco. Agora que passei por esta experiência de ensinar meninos de 15 anos tive oportunidade de estar do lado de lá da barricada e portanto sinto-me na liberdade de dissertar um bocadinho sobre o assunto.
Se à uns meses atrás tivesse vindo à baila mais um desses casos em que uma dita senhora, ou mulher, enveredou por uma relação amorosa ou carnal com um miúdo de 15 anos eu teria pensado aquilo que qualquer mulher com idade de fazer uma coisa dessas pensaria mas será que a senhora não consegue arranjar um homem que a ature e esteja a desesperar ao ponto de se envolver com uma criatura que de inteligência e capacidade emocional se pode comparar a um cachorrinho? Hoje, do outro lado da barricada, deparada com a mesma situação a minha reacção seria antes mas será que a senhora não consegue arranjar um homem que a ature e esteja a desesperar ao ponto de se envolver com uma criatura que de inteligência e capacidade emocional se pode comparar a um cachorrinho? Pois, não há volta a dar, hoje mais do que nunca se prova na minha mente que um miúdo de 15 anos não é mais do que um cachorrinho. Mas, e aqui é que está o grande mas, hoje em dia eu consigo conceber isso como sendo uma coisa positiva. Que mulher - que passe o dia rodeada de miúdos cada vez menos inteligentes, que passam as aulas a enviar mensagens no telemóvel, a quem não se pode dar um chapo porque não sabem somar -3+2 - não quer chegar ao fim do dia e ter um exemplar, carente e treinado, para o qual se possa virar com a superioridade que tem uma professora em relação a um aluno e dizer vais ver se agora não te fodo!

Instruir Portugal

Hoje vou tirar aqui um bocadinho para contribuir para instruir Portugal. Vou expor-vos a um novo conceito, recentemente descoberto ou aperfeiçoado pelos Britânicos: a pontualidade.
Eu sei que é um conceito recente e complexo, penso que esses serão os dois grandes entraves à implementação de tal conceito junto da nossa população. Daí que não se estranhe que a sua difusão tenha sido lenta e pouco eficaz.
Mas tenho de deixar aqui o meu profundo descontentamento por ainda não ter visto implementado um conceito tão actual numa empresa como é a Sonae, um empresa de renome nacional que tanto investe em estar actualizada. Sabe, senhor Belmiro, o que sucede é que quando uma pessoa se disponibiliza a ir a uma entrevista está a fazer um investimento. Está a investir tempo e dinheiro naquilo que pensa ser uma oportunidade de melhoria. Pois, quanto mais tempo se investe mais retorno se espera alcançar, ou seja, quanto mais tempo se aguarda numa sala claramente fria e desagradável de linhas ditas modernas e minimalistas, sem nada que nos ocupe a cabeça ou as mãos, mais tempo tem para se investir naquilo que nos espera por detrás das ditas portas que eventualmente alcançaremos. Ou seja, as nossas expectativas crescem quase tão exponencialmente como a nossa falta de paciência. E quando se trata de uma empresa de renome, quando o dito senhor doutor nos chama ao fim de 1h já muitas certezas se instalaram no mais profundo do nosso ser: para começar as entrevistas devem estar a ser extremamente meticulosas, dado o atraso que já levam (isto é um bocadinho como os médicos, se se espera muito é porque o senhor professor doutor dá muita atenção aos doentes e é extremamente meticuloso, esta coisa do bom atendimento tem os seus contras); depois, dado o avançado da hora, os salários devem ser muito bons, dado que o senhor doutor que está a entrevistar as pessoas até nem se importa de trabalhar 2h para lá do expediente para deixar o trabalhinho todo feito; e finalmente invade-nos também a certeza de que finalmente será nossa, finalmente, aquela imensa atenção que o senhor doutor esteve até agora a investir nos restantes candidatos.
Ora, eu saí do meu part-time eram 17h para uma entrevista que estava marcada às 17h30. Demorei 5 minutos a chegar ao estacionamento, como tinha previsto, o que me permitiu chegar com tempo suficiente para uma jogatana na PSP antes de me dirigir à recepção. Ora, fui atendida eram 18h30. E estava no carro às 18h38. Durante esses 5 ou 6 minutos (acho que estou a ser optimista por acaso) foi-me informado que o emprego afinal era para part-time, que era de 265€ para trabalhar 20h semanais em regime de 4h diárias. O senhor doutor ficou agradavelmente surpreendido por saber da minha formação em engenharia, o que de si demonstra a imensa dedicação que dedicou à leitura de casa de banho que foi a minha candidatura.
Mas adiante, vamos lá fazer o balanço desta entrevista, vamos senhor Belmiro? Ora, eu perdi sensivelmente 2h do meu dia ( e como o senhor sabe, tempo, é dinheiro), sensivelmente 5 € de gasolina para me deslocar ao local de entrevista, e devida à hora da entrevista houve 3h de explicações que não dei que perfazem um total de 19€ que não ganhei. Isto dá um balanço de -24€ para mim. E -24€ porquê? Porque a informação que o senhor doutor me disponibilizou após 1h à espera podia ter sido feita por email, ou até mesmo discutida na primeira entrevista onde eu tão delicadamente lhe teria dito que não estava interessada em ser explorada outra vez, que para isso voltava para as obras. Perdão, para o emprego em que estava.
Por isso tenho de deixar a questão, como é que numa empresa tão actualizada com a Sonae (claramente actualizada senão não praticava também estes salários bárbaros que estão tão na moda) ainda não disponibilizou aos seus colaboradores uma formação sobre pontualidade?

Realmente, como é que se pode pedir a Portugal que tenha uma característica tão avançada como a pontualidade quando nem os nossos ministros conseguem ainda dominar tamanha façanha?

Mais um ciclo

Ontem entrei em novo ciclo. Mais 3 possíveis oportunidades de emprego. É curioso como em todo este tempo de procura me apercebi que as oportunidades vêm em molhos. Mas é um ciclo que cansa. Desgasta. Começa sempre com um telefonema, uma marcação, uma entrevista, uma expectativa. Depois cresce, a expectativa, por muito que se prendam os sentimentos e as vontades. Depois rebenta, no ar, como as bolas de sabão. Booop!
Não sei como deixei que a minha vida chegasse a este ponto. Não sei sequer se a culpa é inteiramente minha. Sei que estou cansada, quero um emprego que me permita ter as minhas coisas, a minha vida. Sei que estou cansada de promessas, expectativas. Estou cansada de adiar a minha vida.

Sinto-me a inteligentificar!

É verdade, se isso existisse eu hoje estaria a inteligentificar!
Não é de agora que nem todos os miúdos gostam de matemática. Também não é de hoje que raros são os pais que admitem a si próprios que os filhos não têm capacidades para serem engenheiros e os encaminham na direcção mais correcta. Já todos soubemos de casos de miúdos que querem ser engenheiros com notas de 5 a matemática, mas àqueles, que como eu, se vêm embrulhados na tempestade de desemprego que assola o país e se vêm obrigados a ir ensinar os ABCs aos meninos surge-nos diante dos olhos um novo pesadelo. Eu sei que a nossa geração era má, era preguiçosa e lenta nas tabuadas e nos raciocínios, mas esta nova era das máquinas de calculares e computadores está a trazer consigo consequências dignas de catástrofe.
O homem vai ser dominado pela máquina, dizem, mas no dia que isso acontecer não vai ser devido à elevada capacidade intelectual da máquina. Creio, hoje mais do que nunca, que essa mudança de poder se deverá, essencialmente, à nossa perda de capacidade. Felizmente Isaac Asimov, um gajo inteligente do passado, criou para nós um conjunto de leis que nos defenderão desse futuro obscuro.
É verdade que as novas tecnologias nos ajudam a progredir, é verdade que os miúdos devem estar em contacto com elas desde cedo e aprender a trabalha-las tão bem como os nossos pais trabalhavam as regras de cálculo, mas será assim tão complicado encontrar um equilíbrio onde o desenvolvimento saudável da mente humana não seja esmagado pela preguiça típica da tenra idade?

Isabel, 16 anos, 10º ano, 35 + 100 = 350
Até nisto dos blogs um pessoa têm de se manter à tona das ondas das novas tecnologias e novidades sociais. Um bocadinho deste blog passou para minha página do facebook, mas como não achei justo para os seguidores assíduos deste blog perderem parte do que aqui se passava decidi-me pela publicação dupla. Até porque alguns posts serão libertações exclusivas deste cantinho mais recatado.

07 March 2010

A verdade nunca é exacta, porque sempre a mascaramos com o nosso desejo.
Os homens não fazem a mínima ideia do que é o amor antes dos trinta anos. E depois, a maior parte das vezes, não sabem o que fazer com ele. O que é afinal o amor?
O amor é sobretudo hábito, escreveu Miguel de Unamuno. Quase concordo com ele, embora tenha uma visão mais real e completa do amor. Para mim o amor, enquanto entidade abstracta, não existe. Existem a atracção, a paixão, o desejo, o sonho, o encantamento, a tesão, a ilusão. O amor é ainda outra coisa, que está depois e acima de tudo isso, porque sem amor nada resiste ao tempo, ao desgaste, à rotina, ao peso surdo e devastador do dia-a-dia. Para mim o amor é construção e dedicação, e por isso não há amor, há provas de amor. Refiro-me ao amor verdadeiro e não aquele que alimenta os espíritos dos pintores, dos músicos e dos poetas. Um amor vivido todos os dias, que se vai construindo como uma casa: primeiro é preciso fazer boas fundações, depois decidir onde são as paredes mestras, escolher onde se vão abrir portas e rasgar janelas e depois, cimento, tijolo e muito paciência, porque tudo o que é sério e seguro demora muito tempo a criar e dá ainda mais trabalho a manter.
É quando já não esperamos nada das pessoas que elas morrem.

24 February 2010

"Quando se ama alguém, tem-se sempre tempo para essa pessoa. E se ela não vem ter connosco, nós esperamos. O verbo esperar torna-se tão imperativo como o verbo respirar. A vida transforma-se numa estação de comboios e o vento anuncia-nos a chegada antes do alcance do olhar. O amor na espera ensina-nos a ver o futuro, a deseja-lo, a organizar tudo para que ele seja possível. É mais fácil esperar do que desistir. É mais fácil desejar do que esquecer. É mais fácil sonhar do que perder. E para quem vive a sonhar, é muito mais fácil viver."

23 February 2010

Quando nascemos a nossa funcionalidade é nula. Somos totalmente dependentes de terceiros. Não temos a capacidade de sobreviver sozinhos - alias, não a temos durante largos anos - não temos a capacidade de nos alimentar sozinhos, não temos a capacidade de nos proteger sozinhos, não temos sequer a capacidade de nos expressar sozinhos.
Com o passar do tempo vamos ganhando a nossa independência, passo a passo. Começamos com coisas mais simples e mais básicas. Primeiro ganhamos necessidade, fome, sono, mimo, protecção. Depois aprendemos a expressar a nossas necessidades. Por fim, aprendemos a encontrar as nossas necessidades, a satisfaze-las sozinhos. Aprendemos a ir ao frasco das bolachas, aprendemos a ir sozinhos à casa de banho, aprendemos a correr para os braços de alguém ou a manipular alguém para nos pegar ao colo.
Com o passar do tempo criam-se novas necessidades, estimulação, aceitação social, satisfação pessoal, reconhecimento. Uma serie de necessidades mais complexas e mais difíceis de atingir ou mais desafiantes. Necessidades das quais nunca dependemos de terceiros e com as quais aprendemos a lidar, desde sempre, sozinhos. Quando essas necessidades não são satisfeitas sabemos exactamente como lidar com elas, porque as enfrentamos sozinhas desde sempre. O verdadeiro problema surge quando uma daquelas necessidades básicas deixa de estar satisfeita e nos esquecemos da forma como a tínhamos conseguido enfrentar sozinhos.
Quando nascemos, mesmo mesmo no inicio das nossas vidas, quando ainda não sabemos distinguir a fome do sono ou do frio a única reacção que temos é o medo, o pânico, a insatisfação, a tristeza. Nessa altura aprendemos que haverá alguém que saberá como nos acalmar dando-nos aquilo que nos faz falta. Com o passar do tempo, quando já conseguimos expressar as nossas necessidades e pedi-las, ainda há alturas em que somos assaltados pelo mesmo medo, pânico, insatisfação ou tristeza. É nessa altura que desenvolvemos uma capacidade que se provará extremamente importante na nossa vida, a capacidade de nos tranquilizarmos, acalmarmos, sozinhos. Uma coisa a que os ingleses tão inteligentemente chamaram de self-soothe.
Eu perdi essa capacidade. E é uma sensação devastadora.

03 February 2010

Desafio

O Shiuuu lançou o desafio. Eu respondi. Como eu, muitos.
(clickar para maximizar)

02 February 2010

Não estou com cabeça para mandar sms a toda a gente por isso: não consegui o emprego. Outra vez. Sim sim, amanhã vai ser melhor e o próximo é que é e o caralho... TASSE!

31 January 2010

Viciadíssima!



Ai Jorge Miguel, se não fosses paneleiro!

30 January 2010

26 January 2010

É no inicio da nossa vida que encontramos a maioria das pessoas com quem acabamos por partilhar o resto da nossa vida. A maioria deles encontramos ao longo do nosso longo percurso académico. Colegas, amigos dos amigos, estranhos em cafés, um puto simpático a quem esmurramos o carro a estacionar de manhã.
Mas a curiosidade não reside aí. O que é curioso é que quando saímos para o mundo real, para os problemas, para o trabalho, para o ordenado que não chegar ao fim do mês, para a falta de tempo que temos para os amigos e as caras metade somos mudados. Moldados. Amarrotados. Amassados pela pressão e pela desilusão que nos aperta, de dentro para fora.
Hoje não reconheço o brilho no olhar de quase nenhuma das pessoas que me acompanhou em noites de bebedeira perdida no chão de um qualquer parque de campismo. Vi-os perder a esperança, a alegria, a inocência. Não dei por nada mas agora que olho para trás não lhes vejo os risos, nem a tranquilidade da existência. E pergunto-me, terei eu perdido tanto quanto eles?


I'm tired of using technology
I need you right in front of me

21 January 2010

Every once in a while...

Até ao dia de hoje, acho eu, ainda ninguém conseguiu perceber o que é que nos leva a criar empatia e amizade com certas e determinadas pessoas. Não é pelas crenças, não é pelas personalidades, não é pelos estatutos sociais, pelos interesses comuns. Não é pelas fases da vida, não é pelos empregos nem pelas casas onde moram... ou pelo menos não devia ser!
Como tanta coisa na vida, quando começam, não sabemos muito bem para onde caminham. Nunca se sabe se será forte, se será fraco, se vale a pena investir ou não. E não é pelo esforço ou pelo tempo que nos exigem que as mantemos ou não na nossa vida. É como digo, ninguém sabe ao certo. Às vezes são perdas de tempo, às vezes não perdemos tempo a cultivar quem devíamos.
Um dia alguém me disse que na nossa vida precisamos de pilares. Pessoas, relações, fortes, que nos sustenham no caso de toda a nossa vida desmoronar. E a verdade é que entre esses pilares que nos sustentam começamos a criar toda uma história, todo um edifício comum. Um edifício repleto de risos, de choros, de alegrias, de comemorações. E numa altura em que sinto que a vida me trouxe mais um pilar, dou comigo a ver um dos edifícios mais bonitos da minha vida ruir. E parece que quanto mais se tenta reparar, mais paredes racham, partem, caiem.
Não sei o que nos levar a criar laços com as pessoas na nossa vida. Não sei o que nos leva a apostar nesta ou naquela pessoa. O que eu sei neste momento é que há pessoas das quais nunca devemos desistir porque mais cedo ou mais tarde voltarão para nos mostrar que afinal sempre tínhamos razão.
Vou-te dar agora o espaço que precisas, vou deixar algumas paredes rachar e cair, mas não vou deixar de ser o teu pilar se o teu mundo começar a ruir um dia. Por muito tempo que tenha passado.

20 January 2010

17 January 2010

mmmm... BOP