Há uma menina, uma coisa pequenina, não tem mais de sete centímetros, que mora neste quarto. Terá talvez um pouco mais. Quando eu chego, vem-se sentar à minha beira. Tem um longo cabelo loiro que cheira a amora. Ou framboesa, não sei ao certo. Cruza as pernas sobre um qualquer pacote de lenços de papel que eu tenha por aqui e em dias como o de hoje, atira-me o seu sorriso mais doce.
Foi numa noite de verão que a pequenina me apareceu pela primeira vez. Quando me sentei aqui, como sempre faço, conseguia ouvir um choro baixinho que parecia vir do outro lado da parede. Assustei-me quando vi uma coisa tão pequenina sair de trás da coluna. Apeteceu-me tocar-lhe, mexer-lhe... será que falava? Será que eu percebia? Seria uma fada? Lembrei-me da sininho, do peter pan. Quando alguém dizia que não acreditava em fadas, uma fada, algures no mundo, morria. Quantas vezes teria eu já dito que não acreditava em fadas? Então e o coelho da pascoa? Seria esse real também? Adiante, pensei. Agarrei num lenço de papel e rasguei um pequeno pedacinho que lhe dei para ela limpar as lágrimas. Foi quando ela falou. Agradeceu e eu fiquei a olhar, muda. "O que és tu?", passou-me pela cabeça perguntar, mas nunca gostei de pressionar as pessoas e isso parecia-me rude, mesmo que ela não fosse uma pessoa. Disse-lhe olá... e sorri. Foi então que ela me explicou. Há meninas mágicas neste mundo, meninas meigas, doces e muito muito frágeis. Ela era uma dessas meninas. Tinha sido, um dia, uma menina como eu, grande. Quando era grande encontrou um menino especial, ou achou que tinha encontrado. Mas o menino dela não era afinal aquilo com que ela sempre tinha sonhado (como eu já tenho feito também). Esse menino não sabia que ela era uma dessas meninas mágicas, meigas, doces e muito muito frágeis e magoou-a, calcou-a, amarrotou-a, ao ponto dela passar a ter apenas sete centímetros.
Hoje, essa menina vive comigo, aqui, para que eu me lembre que não me posso deixar magoar, calcar ou amarrotar, porque se calhar também eu sou uma dessas meninas mágicas, meigas, doces e muito muito frágeis.
Foi numa noite de verão que a pequenina me apareceu pela primeira vez. Quando me sentei aqui, como sempre faço, conseguia ouvir um choro baixinho que parecia vir do outro lado da parede. Assustei-me quando vi uma coisa tão pequenina sair de trás da coluna. Apeteceu-me tocar-lhe, mexer-lhe... será que falava? Será que eu percebia? Seria uma fada? Lembrei-me da sininho, do peter pan. Quando alguém dizia que não acreditava em fadas, uma fada, algures no mundo, morria. Quantas vezes teria eu já dito que não acreditava em fadas? Então e o coelho da pascoa? Seria esse real também? Adiante, pensei. Agarrei num lenço de papel e rasguei um pequeno pedacinho que lhe dei para ela limpar as lágrimas. Foi quando ela falou. Agradeceu e eu fiquei a olhar, muda. "O que és tu?", passou-me pela cabeça perguntar, mas nunca gostei de pressionar as pessoas e isso parecia-me rude, mesmo que ela não fosse uma pessoa. Disse-lhe olá... e sorri. Foi então que ela me explicou. Há meninas mágicas neste mundo, meninas meigas, doces e muito muito frágeis. Ela era uma dessas meninas. Tinha sido, um dia, uma menina como eu, grande. Quando era grande encontrou um menino especial, ou achou que tinha encontrado. Mas o menino dela não era afinal aquilo com que ela sempre tinha sonhado (como eu já tenho feito também). Esse menino não sabia que ela era uma dessas meninas mágicas, meigas, doces e muito muito frágeis e magoou-a, calcou-a, amarrotou-a, ao ponto dela passar a ter apenas sete centímetros.
Hoje, essa menina vive comigo, aqui, para que eu me lembre que não me posso deixar magoar, calcar ou amarrotar, porque se calhar também eu sou uma dessas meninas mágicas, meigas, doces e muito muito frágeis.
1 comment:
Sabes... nos dias em que escreves coisas como estas, apetece.me levantar e bater.te palmas, gritar Viva e assobiar...apesar de saber que te doi muito, sinto que cresceste mais um centimetro..ou dois...
Gosto muito de ti...
Beijinhos
Post a Comment