Foi hoje, à 5 anos atrás. Torna-se difícil de esquecer, não sei ao certo porquê.
Eu estava atrasada, o que não era nada meu costume. Sabia o local onde me esperarias, mas decidi dar a volta e aparecer-te de costas. Estavas encostado à parede, com a gabardina que vim a odiar. Achavas que te ficava tão bem...estava um dia frio, mas não chovia. Apareci por cima do teu ombro esquerdo com um sorriso que até hoje deverá ser difícil de esqueceres. Contrastávamos tanto. Eu vestia beje, tu vestias preto. Eu tinha ainda aquela inocência, aquele brilho nos olhos de uma criança a quem é permitido rebolar na relva com a roupa nova. Tu tinhas um ar misterioso, obscuro, gostavas de ter aquela cara de mau. Gostei disso. Fomos tomar um café, fascinaste-me com historias de gangsters, armas, violência e combates corpo a corpo. Falaste-me de livros, de filmes, de gente maluca com manias estranhas. Havia em ti um mundo diferente de tudo aquilo que eu conhecia e fiquei com vontade de entrar nele.
Decidimos entrar no cinema, afinal de contas estavas já ali. Demoramos um tempão para nos sentarmos, nenhum de nós queria ser o primeiro a dar o primeiro passo. Fui eu que acabei por nos levar para um dos bancos para duas pessoas e deitar a cabeça no teu colo. Parece que ainda hoje te ouço dizer "isto assim não vai funcionar". Essas palavras sim, nunca me hei-de esquecer. Apeteceu-me bater-te, que falta de sensibilidade! Mas eu cedi, levantei a cabeça do teu colo e aguardei, já com um nó no estômago, o beijo que me querias dar.
Acho que foi nesse dia que me aprendeste a ter calma. Que há certas coisas na vida que são para saborear, não para devorar. Já nem sei que filme (não) fomos ver. O tempo passou a voar e quando demos conta tinhas de ir embora. Tinhas ainda 3 autocarros para apanhar antes de chegar a casa. Fiquei com pena de ti. Ficamos sentados no muro a conversar enquanto o autocarro não vinha, como se nada se tivesse passado entre nós. Quando partiste, despediste-me de mim com dois beijos na cara... tinha começado.
Não olhem para isto da forma errada. Não é nada que recorde com nostalgia, com tristeza ou mesmo com raiva. É simplesmente algo que recordo. Só porque foi um dia em que a minha vida mudou. A vontade que este dia nunca tivesse acontecido por vezes aparece. Mas hoje não, hoje estou em paz com isto.
Eu estava atrasada, o que não era nada meu costume. Sabia o local onde me esperarias, mas decidi dar a volta e aparecer-te de costas. Estavas encostado à parede, com a gabardina que vim a odiar. Achavas que te ficava tão bem...estava um dia frio, mas não chovia. Apareci por cima do teu ombro esquerdo com um sorriso que até hoje deverá ser difícil de esqueceres. Contrastávamos tanto. Eu vestia beje, tu vestias preto. Eu tinha ainda aquela inocência, aquele brilho nos olhos de uma criança a quem é permitido rebolar na relva com a roupa nova. Tu tinhas um ar misterioso, obscuro, gostavas de ter aquela cara de mau. Gostei disso. Fomos tomar um café, fascinaste-me com historias de gangsters, armas, violência e combates corpo a corpo. Falaste-me de livros, de filmes, de gente maluca com manias estranhas. Havia em ti um mundo diferente de tudo aquilo que eu conhecia e fiquei com vontade de entrar nele.
Decidimos entrar no cinema, afinal de contas estavas já ali. Demoramos um tempão para nos sentarmos, nenhum de nós queria ser o primeiro a dar o primeiro passo. Fui eu que acabei por nos levar para um dos bancos para duas pessoas e deitar a cabeça no teu colo. Parece que ainda hoje te ouço dizer "isto assim não vai funcionar". Essas palavras sim, nunca me hei-de esquecer. Apeteceu-me bater-te, que falta de sensibilidade! Mas eu cedi, levantei a cabeça do teu colo e aguardei, já com um nó no estômago, o beijo que me querias dar.
Acho que foi nesse dia que me aprendeste a ter calma. Que há certas coisas na vida que são para saborear, não para devorar. Já nem sei que filme (não) fomos ver. O tempo passou a voar e quando demos conta tinhas de ir embora. Tinhas ainda 3 autocarros para apanhar antes de chegar a casa. Fiquei com pena de ti. Ficamos sentados no muro a conversar enquanto o autocarro não vinha, como se nada se tivesse passado entre nós. Quando partiste, despediste-me de mim com dois beijos na cara... tinha começado.
Não olhem para isto da forma errada. Não é nada que recorde com nostalgia, com tristeza ou mesmo com raiva. É simplesmente algo que recordo. Só porque foi um dia em que a minha vida mudou. A vontade que este dia nunca tivesse acontecido por vezes aparece. Mas hoje não, hoje estou em paz com isto.
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