Ontem, durante umas horas, perdi-me entre álbuns de fotografias. Adoro fotografias antigas, mesmo quando são de pessoas que não conheço. Gosto principalmente de fotos a preto e branco ou as primeiras fotos a cores, com aquela tonalidade amarelada e exposição tão características. Gosto particularmente das fotos com paisagem urbana, onde se vêm ruas salpicadas de carros pequeninos e redondos. Ora verdes, ora bege.
Fiquei com a clara certeza que a vida era mais simples naqueles dias. A felicidade mais fácil. O materialismo que se instalou no nosso mundo matou-o. Já não sabemos ser felizes com pouco. Já não sabemos aproveitar as coisas simples da vida. Tudo é rápido e fugaz. Nesses tempos convivia-se. Foi nesses tempos que nascer o amor-e-uma-cabana. Amor esse que agora só se faz em T2 de luxo e jantares à luzes de velas com prendas pelo meio. Já não se cultivam relações. Cultiva-se materialismo e sexo. Muitas vezes em troca de algum tipo de materialismo.
Estava um dia lindo de quase-quase inverno. O sol aquecia corpos e almas a quem quisesse. E na esplanada dos cafés não pairava quase ninguém. As pessoas deixaram de saber conviver. De partilhar ideias e presenças físicas. Tornou-se tudo virtual. Cada um no cantinho do seu lar, onde as ideias dos outros só penetram se nos dermos ao trabalho que as ler. Tudo controlado. Quase esterilizado. As pessoas não se misturam, não se combinam. Nem nas amizades, nem nas relações.
Curiosamente, quando se preparava para passar todas estas ideias para o mundo virtual (com o devido toque de cinismo, claro, não estivesse eu também confortavelmente sentada no quentinho do meu lar) debatia-se na televisão o impacto desde estilo de vida na vida sexual e amorosa dos nossos dias. Ele que só vai para a cama às 3h da manhã porque fica a jogar PS3, ela que está demasiado preocupada com perder o emprego para sequer conceber a ideia de sexo. Passa o dia separados e adoravam chegar a casa e não estar lá ninguém para lhes dar cabo da cabeça. Entretêm-se constantemente com outras pessoas, que buscam apenas o sexo numa relação. Simplificam. Esterilizam. E eu, mais uma vez penso, não quero viver aqui.
28 November 2010
Reflexos
Ontem revi-me. Pela primeira vez vi-me completamente reflectida noutra pessoa. Não o que sou, mas o que fui. E finalmente compreendi o que passaram aqueles que durante meses tiveram de me levar pela mão, numa luta constante e diária, para me tirar do chão em que teimei deitar-me.
Custa, dói, frustra, ver alguém preso debaixo de anos de memórias longínquas, incapaz de avançar, um pouquinho que seja, em direcção ao futuro que se presenteia diariamente à nossa frente, limpo, novo. Principalmente quando são pessoas que merecem esse futuro, pessoas boas e dignas, castigadas pelos erros da vida ou pela simples inocência das decisões.
Todos nós temos uma altura na vida em que caímos, sem rede, num abismo qualquer. E a primeira vez que o fazermos é aterrador. A queda é longa e a recuperação dura. Não sabemos como voltar a assentar os pés na terra, tentando perceber como foi que nos colocamos naquela posição. Ficamos amedrontados e receosos que o mesmo suceda vezes e vezes sem conta. Ficamos soterrados em memórias, fantasmas, receios. Paramos, simplesmente, de viver. Aterrador.
Eu arranjei maneira de sair daí, aos poucos. Apoiando-me num e noutro pilar. Disseram-me um dia, três Rita, mantêm na tua vida sempre três pilares, quando as ondas do mundo vierem, eles manter-te-ão de pé, sempre. E mantiveram.
Quando a coragem volta, tudo é mais fácil. Aprendemos a enfrentar o mundo de peito aberto, porque sabemos, lá no fundo, que já nada nos pode derrotar. Quando se cai a primeira vez acontece uma coisa muito boa e uma coisa muito má. Perdemos a nossa inocência e fé no mundo em prol da certeza que sempre, sempre, teremos em nós a força para voltar a tentar.
Não sei como te estender a mão. Não sou a pessoa certa para o fazer. Mas queria conseguir fazer-te perceber que estás a desperdiçar a tua felicidade nessa gruta onde te enfiaste. Queria explicar-te que cá fora o sol brilha, muitas vezes por entre nuvens. E que vale a pena. Vale sempre a pena.
Eu, mantenho em mim todos os sonhos do mundo. Devias fazer o mesmo.
Custa, dói, frustra, ver alguém preso debaixo de anos de memórias longínquas, incapaz de avançar, um pouquinho que seja, em direcção ao futuro que se presenteia diariamente à nossa frente, limpo, novo. Principalmente quando são pessoas que merecem esse futuro, pessoas boas e dignas, castigadas pelos erros da vida ou pela simples inocência das decisões.
Todos nós temos uma altura na vida em que caímos, sem rede, num abismo qualquer. E a primeira vez que o fazermos é aterrador. A queda é longa e a recuperação dura. Não sabemos como voltar a assentar os pés na terra, tentando perceber como foi que nos colocamos naquela posição. Ficamos amedrontados e receosos que o mesmo suceda vezes e vezes sem conta. Ficamos soterrados em memórias, fantasmas, receios. Paramos, simplesmente, de viver. Aterrador.
Eu arranjei maneira de sair daí, aos poucos. Apoiando-me num e noutro pilar. Disseram-me um dia, três Rita, mantêm na tua vida sempre três pilares, quando as ondas do mundo vierem, eles manter-te-ão de pé, sempre. E mantiveram.
Quando a coragem volta, tudo é mais fácil. Aprendemos a enfrentar o mundo de peito aberto, porque sabemos, lá no fundo, que já nada nos pode derrotar. Quando se cai a primeira vez acontece uma coisa muito boa e uma coisa muito má. Perdemos a nossa inocência e fé no mundo em prol da certeza que sempre, sempre, teremos em nós a força para voltar a tentar.
Não sei como te estender a mão. Não sou a pessoa certa para o fazer. Mas queria conseguir fazer-te perceber que estás a desperdiçar a tua felicidade nessa gruta onde te enfiaste. Queria explicar-te que cá fora o sol brilha, muitas vezes por entre nuvens. E que vale a pena. Vale sempre a pena.
Eu, mantenho em mim todos os sonhos do mundo. Devias fazer o mesmo.
25 November 2010
Amor em estado gasoso
Hoje acordei com uma epifania: o amor começa sempre em estado gasoso. É apenas uma ideia que nos invade, uma realização de que aquela pessoa afinal é anormal. É mais interessante ou mais bonita ou mais inteligente ou mais sensual ou mais cativante que as restantes pessoas que nos invadem o espaço. E ao inicio, não passa disso, de algo arbitrário e passageiro na nossa mente. Depois podemos começar a cismar nessa anormalidade dessa pessoa, juntado-lhe mais e mais características que nos interessam e nos fascinam e a bolha de gás que é o pensamento sobre esse dito ser, cresce e torna-se mais frequente e mais presente na nossa vida. Até ao dia em que simplesmente deixa de nos caber dentro da cabeça. A pressão aumenta, pressiona-nos, massa-nos a existência. E de repente, num dia, num instante, temos essa pessoa mesmo à nossa frente. Basta um só toque leve num ombro. BOOP, a bolha rebenta-se e aquele todo que é aquilo que imaginamos ao longo do tempo entra-se-nos pela alma num arrepio gélido, quase instantâneo. É o amor em estado líquido. Agora já não há nada a fazer, ele flui-nos nas feias, com o oxigénio ou o croissant da manhã. Existe dentro de nós, tão naturalmente como todo o resto no nosso ser. Respiramo-lo, sentimo-lo, vivemo-lo. Na esperança que um dia ele se torne em estado sólido. :)
17 November 2010
13 November 2010
E com este post se levantar a greve. Nunca fui muito activista no que diz respeito a politica. E tenho noção que o impacto da minha greve é nulo. Mas não acredito na paralisação de um país com as dificuldades com que está o nosso, principalmente porque a diminuição de produtividade que isso implica é produzida por pessoas que nem sabem ao certo porque é que estão de greve e fazem-no porque está de chuva e preferem ir para o café ou ver montras com as amigas, agarrando-se a uma justificativa socialmente aceite. Cada um faz aquilo que a sua consciência o permite. Eu privei-me dos meus desabafos em prol de... possivelmente nada. Foi o que a minha consciência pediu.
05 November 2010
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