14 November 2007

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Gosto de dias que acordam assim. Carregados de paz. O sol parece que brilha preguiçoso e teima em demorar a levantar-se. O frio gela os pensamentos e acalma-os um pouco.
Mas hoje a paz não paira em mim. Estou apática. Levantei-me, abri a janela e vi como acordava o dia para o qual tinhas decidido não acordar. Teria estado uma noite bonita ontem, limpa. Mas gelada. Talvez como tu. Acordei sem forças para saber. Decidi iniciar o dia como apenas mais um dia de um Inverno em que mais uma vez não chove e até toda a água em mim secou.
Os dias andam longos e não permitem pausas. O trabalho não motiva como devia. Ou tanto quanto eu precisava, para te tirar de mim por umas horas e esquecer. Esquecer a vida que levo durante a noite, esquecer o choro, a dor, o sufoco, a impotência e a angustia. Esquecer que nada posso fazer, que é tarde, que falta tempo e força. Esquecer que o que está traçado te recusas a alterar.
Hoje sinto um ligeiro mal-estar causado pela conversa de ontem. Os dias cansam-me muito ultimamente e sinto mais dificuldade em estar focada no que me dizes. E ontem não me apetecia, não conseguia, ouvir o que tinhas para me dizer. Ontem não era um bom dia para partires. Então ignorei-te e falei-te de mim. Também não quero que vás sem me conhecer, eu sou boa menina. Falei-te do meu dia e dos meus sonhos. Falei daquilo que quero e que acho que mereço. E de alguma forma sinto que falei tanto de ti. Foi o silêncio com que me respondeste. Não é tão fácil como pensaste abdicar de sonhos antigos pois não?
Toda a gente sonha e eu não sei se tu sabes disso. Fizeste-te perder a capacidade de sonhar, forçaste-te. Cansaste-te da desilusão e da maldade dos Homens, eu sei. Queres dar descanso ás feridas que trazes contigo há tantos anos. Aquelas que se criam, umas em cima das outras. Aquelas que te fazem quando baixas a guarda. Tens medo, estás cansado, exausto. O sono pesa-te e a cama permite apenas que descanses o corpo. Sei o que sentes. Ou será que… sentias?
Não sei de ti e temo procurar-te porque posso não te encontrar. Amanhã talvez tenha essa força.

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