14 January 2008

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Tenho andado desligada da escrita, não é nada normal em mim. Sou, por norma, uma pessoa emocionalmente instável e com necessidade de libertar para o papel tudo o que me inquieta. Tenho andado um pouco desligada das coisas, mais do que o costume, devido à fase que vivo. Sinto que a minha vida ficou em suspenso desde que terminaram os exames e assim ficará até conseguir arranjar um emprego. O projecto não me motiva, a empresa não me motiva... vou andar à deriva até que tudo termine.

Não tem sido complicado para mim deixar a cabeça correr, sonhar com casas e com carros, com férias e com jantares. Perco-me em móveis e em hotéis, perco-me em momentos. Construo-os cuidadosamente e depois vivo-os, no meu mundo, no nosso mundo.

Mas algo mudou. Sei-o pelo medo que sinto, que me tem assaltado. Dia após dia, noite após noite, quando pouso a cabeça na almofada e quando abro os olhos de manhã. É uma espécie de aperto, um “não saber respirar”. É uma coisa com a qual nunca vivi. E comecei a pensar sobre o porquê do aparecimento desde medo, desta insegurança.

A entrada de uma pessoa especial na nossa vida é gradual, a entrada de qualquer pessoa na nossa vida é gradual. Ao início é só mais uma pessoa e como o tempo apercebemo-nos do quão especial ela é. É nessa altura que nos começamos a apegar a ela. Mas mesmo quando nos começamos a apegar a uma pessoa, é gradual. E há uma linha clara ao longo desse percurso que se percorre, é quando perdemos todo o controlo sobre aquilo que sentimos. É a altura em que nos apercebemos que a falta dessa pessoa iria criar uma falha grave na nossa vida.

Já há muito tempo que me apercebi do quão especial és e já há muito tempo me apeguei a ti. Mas acho que de alguma forma só agora cheguei a esse limite, a essa linha. A linha a partir da qual o meu mundo deixa de existir para sempre. Desta linha para a frente será o nosso mundo. Desta linha para a frente o teu desaparecimento seria pago com a minha vida pois eu deixaria de existir. Desta linha para a frente o sonho deixa de ser apenas fumo o começa a construir-se, pedra sobre pedra. Desta linha para a frente não há volta atrás.

Daí os medos, daí as inseguranças e os apertos. Conheces o meu percurso e sabes que os meus medos não vêm de ti. Os meus medos estão nos outros, no mundo fora do nosso. O meu medo é que algo te leve de mim, algo externo, algo que nos assalte sem contarmos. O meu medo é perder-te.

Esta é a minha batalha, hoje. Não te peço desculpa porque esta batalha não fui eu que a criei e é fruto apenas de coisas que vivi antes, noutra vida. Peço-te apenas paciência. Mas quero que saibas que sei bem que é contigo que quero ficar, que é a ti que quero e que é nas tuas mãos que quero depositar a minha vida...

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