Ontem, cansada de estar em casa e movida pela vontade repentina de comer uma torrada, levantei-me, peguei no carro e fui-me enfiar num desses cafés apinhados de gente aos sábados à tarde. É um café grande, numa zona habitacional, com pouco transito, onde os putos ainda podem correr e jogar à bola sem o risco de serem atropelados ou raptados.
Enquanto esperava por ser atendida aproveitei para prestar atenção às pessoas que me rodeavam. Havia um grupo de 7 ou 8 pessoas, com os seus 60 anos, entusiasmadas a combinar umas férias. Havia uma senhora com os seus 75 anos que coçava os braços impacientemente à espera do marido. Ao meu lado uma menina que não devia ter mais de um aninho escondia-se de mim atrás da cadeira enquanto o pai trabalhava no mini-portátil e a mãe olhava para o infinito à espera que as horas passassem. Na mesa ao lado um casal em frente um ao outro não trocavam sequer os olhares. Cada um com o seu telemóvel em punho, riam-se, provavelmente de coisas diferentes. Entrou um casal novo. Sentaram-se, calados. E calados permaneceram. E como eles haviam outros. E outros. E outros.
Não gosto desta sociedade. Não gosto desta forma de estar. Não gosto daquilo em que se tornaram as relações de hoje em dia. Simplesmente não gosto. E recuso-me a aceita-las.
1 comment:
Muitíssimo bem analisado e ainda melhor escrito. Cumprimentos.
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