02 January 2009

Este ano, e talvez nos outros todos também tenha acontecido o mesmo, deixei este espaço sossegadinho mal começou a cheirar a rabanadas e laranjas por aí (se tivesse definido que o natal começava quando as iluminações chegam às ruas e aos centros comerciais tinha vindo cá a ultima vez em Agosto...). Já se passaram alguns anos desde que o natal deixou de surtir em mim "aquele" efeito. Acho que se perderam as crianças cá de casa. Acho que ficamos todos grandes de repente. Dizem que foi quando o meu avô morreu, a criança dentro de todos os filhos dele pareceu morrer também. E nós, crescemos todos com eles.
Este ano, que os pequenitos voltaram à nossa noite natalicia, projectei algo diferente. Mais pessoas, mais presentes, mais risos e mais horas. Menos televisão, menos filmes, menos silêncio. E assim foi. Mas a magia não voltou. Não ter a minha metade de mim perto provou-se mais complicado do que o que tinha imaginado. O que é curioso é que quando estamos juntos somos tão mais do que a metade que somos quando estamos separados...

Desde essa altura que o mundo anda meio estranho. Não sei se parou ou se acelerou o passo. Parece que anda tudo a lembrar-me que a vida não deve ser deixada em stand by. O mundo anda uma merda, os empregos andam uma merda, o tempo anda uma merda. Mas merda que seja pode acabar de um dia para o outro. Assim. Só assim.
Não avisa antes, não diz, não dá tempo. Não manda um postal a dizer "aproveita os teus amigos no proximo mês porque depois vais-te foder", "sai do emprego mais cedo, vai viver os teus filhos", "foge uns dias com o teu amor que um dia ele vai acabar". As coisas simplesmente acabam. Assim.
E não é só um pai que morre do dia antes do natal, o amigo que foi antes da hora, o número de acidentes com mortos que aparecem nos telejornais. São as separações, as lagrimas, as tristezas. São as brigas, o cansaço, os fins. Parece que nada dura. Nada. Nem mesmo aquilo que hoje bate tão forte.

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