20 March 2011

É sempre assim com as epifanias. Acordam-nos cedo a um sábado de manhã. Começam a surgiu dentro de nós, de mansinho, como um gato que se vem enroscar na nossa barriga. Quase não damos por ele, com aquelas patinhas fofas e leves. Depois ataca tipo tsunami. Sentimos a terra tremer por momentos e quando o sossego parece instalado de novo, vem uma onda de 10 metros na nossa direcção. E não há absolutamente nada a fazer.
Tenho sentido o meu mundo abalar nos últimos dias. A terra treme à minha volta numa tentativa de fazer colapsar o mundo que criei nos últimos meses. Mas foi só hoje de manhã que acordei com a sensação que vinha por aí algo mais. E veio. Uma onda de angustia e realidade que deitou por terra tudo. Tudo.
Já me conheço. E conheço esta minha maneira de me transformar em algo que não sou quando tudo aquilo que quero não vem. Ou morre.
Não sei como cheguei aqui. Nunca sei. Perco o norte. Perco tudo.
Não é a ti que procuro, nem a ti que quero. Sei-o bem. Procuro ainda o sonho que tu misturaste no teu cheiro, no teu corpo. Confundes-me com sexo. Porque sabe bem. Familiar. Principalmente nas alturas em que te deixas adormecer na minha cama ou segues os passos sozinho para ir à varanda fumar um cigarro. Mas mesmo depois de saires, ficas. Fica, inevitavelmente, o teu cheiro. Fica a tua toalha. Fica a sensação de algo que não és, nem quero que sejas. Mas o teu mimo conforta-me. E relembra-me daquilo que o meu ser anseia. À tanto tempo. E há dias em que me faz acordar assim. Com todas as perguntas de volta à minha cabeça. Porquê? Porque é que eu não consigo ter alguém na minha vida? Porque é que não consigo manter ninguém na minha vida? O que sou eu de errado? Onde foram todos os meus sonhos? Diz-me. Alguém?

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